
KALUS CIRCENSES

KALUS CIRCENSES
Uma ode ao ego.
Calo como marca, como ferida, como dor. Algo que foi adquirido com o tempo e repetição. Forma de absorver a vida e transformá-la em força para além do sofrimento.
O ego fere a si mesmo e ao outro. Ele nos impulsiona e, simultaneamente, paralisa de forma invisível. Nos faz achar que somos maiores que realmente somos. Ele é o que nos leva a perseguir sonhos impossíveis, enquanto nos faz donos de uma falsa titularidade a um trono predestinado ao vazio.
O circo é a plateia, é o povo, é quem se atinge de forma pretensiosamente correta, mas que, muitas vezes, despenca no errôneo. O calo do palco une em si a maior das fraquezas e o mais nobre gesto de grandeza ao se abrir em exposição: é a costela exposta com brandos pulmões à mostra, os maiores segredos vistos sem sua mais importante característica: o oculto. As vísceras de poemas, os inquéritos, as nobres ou simples inspirações dilaceradas em pinceladas de força e leveza, de ar e ardor. Em última instância, as marcas ficam nos quadros, nas telas, nos vidros, em forma de sonhos, ideias, devaneios, anseios e, especialmente, pinceladas, como se delas viesse uma simples frase tal como “eu estou aqui”.
Um famigerado e ineloquente tato para abordar o ego na sua mais crua manifestação. Ora ocupando espaços que não o cabem, expandindo a própria cabeça em um inteiro cômodo, um sentimento materializado em paquiderme de sucata, como se, das mais sujas das pretenções, nos inflássemos. Ora como minúsculos seres periféricos, quase traços em “Males e Marés”. Busque-o como quem algum dia achou difícil de se ver, mas que agora se obriga, por todos os lados, se tornar presente, como se estivesse em um “Palco”. E não se surpreenda com mais uma vã tentativa de ver a sua “Morte”.
Na real, no virtual, no grande, no pequeno:
Saudações ao ego e sua teimosa mania de se achar gigante.

Morte ao Ego - Vídeo performance


























